segunda-feira, 14 de julho de 2014

Ordem e Progresso

O orgulho nacional performatizado ao longo deste último mês foi elemento crucial para o dito sucesso do megaevento e merece uma reflexão mais demorada ao longo das próximas semanas. A imagem sacrossanta da bandeira hasteada durante a oração cantada aos berros unissônicos de louvor à nação – que, diga-se, revela algo da propaganda patriótica bombardeante das últimas semanas – contém os dizeres franco-iluministas que nortearam a consolidação nacional do Brasil e sintetizam o que foi vivido neste pedaço de terra entre 12 de junho e 13 de julho: ordem e progresso.

Sediar a Copa do Mundo FIFA™ é atitude de um governo que confia na possibilidade de exibir ao assim chamado mundo civilizado a imagem representativa de um país coerente com o que se espera neste tal mundo, a saber, o progresso. Elemento recorrente no discurso político moderno, o progresso aparece na Copa do Mundo FIFA™ simultaneamente como exibição e perspectiva. Porque a um só tempo se expõe para fora que existe progresso nessas terras e se explica para dentro que a exibição será bem sucedida e resultará em mais progresso.

E o progresso almejado, logo se vê, é multifacetado: tecnológico, urbano, turístico, energético, desportivo, político. O carro-chefe, entretanto, da concepção que trouxe o diabo à Terra de Santa Cruz é o progresso econômico, este entendido como alto faturamento do mundo empresarial que orbita em torno da festa: de pequenos comerciantes e vendedores ambulantes a, principalmente, multinacionais patrocinadoras e construtoras homicidas politicamente beneficiadas.

Se o progresso econômico resultante da Copa do Mundo FIFA™ é inquestionável – pelo menos assim dizem os números oficiais –, é necessário persistir e difundir o debate acerca do regresso humano resultante do custo social da brincadeira, manifestado sobretudo na violação constante de direitos civis e sociais: remoções forçadas de comunidades inteiras com indenizações mal pagas ou inexistentes, avanço da especulação imobiliária que deixa famílias à deriva, greves e protestos reprimidos violentamente, prisões ilegais como forma de medida preventiva, além das ainda existentes práticas de desaparecimentos, torturas e assassinatos arbitrários nos espaços onde o Estado inexiste senão com sua face repressiva.

Por isso que, desde a perspectiva do já mencionado mundo civilizado, a ordem foi e é crucial. A recusa de setores da população civil em acatar ao ideal de progresso com o qual se procurou justificar o evento resultou em bombas, tiros e sangue. Porque este ideal é avesso a uma sociedade permeada por contradições e disputas e se repousa sobre um distópico universo em que qualquer conflito é sinal de patologia social e deve ser reprimido para que reine a paz e haja possibilidade de (ainda mais) progresso.

Com o amor nacionalista inflado e orgulhoso de ter exibido ao mundo a simpatia inata aos aqui nascidos, o brasileiro pode agora vislumbrar na bandeira nacional o grande legado produzido pela recepção do mundial. Ao que parece, falhou o prognóstico fatalista de certa oposição para alegria do governo em suas várias instâncias: não nos faltou ordem nem progresso. Infelizmente.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Aquele último...

O que leva uma pessoa a dar aquele último passo?
Não um passo qualquer, mas aquele passo no vazio. Aquele passo, que naquele instante, é a única e última resposta para tudo. Aquele passo no desconhecido, no topo de um edifício do qual você não ve a base.
 
O que nos faz, nesse momento, ir adiante e não olhar para trás?
 
A seriedade dessa questão extrapola aqui qualquer tipo de regra, de convenção. A decisão de "parar por aqui", de não seguir adiante e tomar as rédeas de uma vida da qual não se tem mais controle, pode ser uma decisão vista como um gesto de coragem para uns, e de covardia para outros. Cabe a cada um fazer seus julgamentos.
 
Porém, a parte nossos pré-conceitos, o que fixa os meus pensamentos é tudo aquilo que gerou esse último passo. Infelizmente qualquer tipo de resposta racional para a questão se afasta de mim toda vez que me ponho a pensar sobre o assunto. No lugar da razão entra em cena um lado completamente emotivo de pensar o mundo. É aquela forma de pensar as coisas onde não entra em cena a razão humana, mas sim uma sensação, um estado de espírito que nos põe a refletir sobre as coisas. É aquela hora onde em seus pensamentos não estão presentes palavras, mas apenas sensações e sentidos, como se uma trilha sonora tomasse conta dos seus pensamentos e apenas imagens, sons e sentidos te ajudassem a interpretar a situação.
 
É aí então que mora a dificuldade de expressar em palavras tudo aquilo que penso, ou melhor, sinto sobre o assunto.
 
Ontem assisti ao filme A Long Way Down, que está muito longe de ser um ótimo filme, mas me fez repensar essas questões. Rapidamente, o filme trata de quatro (quase) suicídas que se encontram e tentam se ajudar, e por ai vai o filme. Em questão de história, fotografia, trilha sonora, nada de novo.
 
No filme temos alguns casos retratados: O cara de sucesso que perdeu tudo e se sente humilhado a todo momento; a mãe solteira com um filho deficiente que sente uma profunda solidão; uma adolescente que perdeu a irmã e ainda tenta lidar com isso; e um rapaz que sente um profundo desamparo.
 
Temos então os mais variados casos para que possamos tentar entender algo sobre o assunto. E entender não cientificamente, mas entender no sentido de conseguir sentir, brevemente, tudo aquilo que se passou naqueles últimos segundos no topo do edifício.
 
Muito pouco provável que um dia eu tenha uma resposta certa para isso. Apesar das teorias psicológias, dos quadros de desamparo, das patologias identificadas, para mim é difícil pensar que podemos generalizar um sentimento de total agonia pela vida que brota em uma pessoa. Colocar todo esse sofrimento dentro de rótulos e organizá-los em prateleiras é desrespeitar toda e qualquer representatividade que esses sofrimentos tenham tido para essas pessoas. É trazer a tona um rótulo de fraqueza de uma pessoa em relação a um sentimento, que na verdade não existiu. O que existiu muitas vezes foi simplesmente a escolha da pessoa de, simplesmente não querer sofrer mais. É muitas vezes a pessoa tomando a frente de uma vida da qual já não era protagonista a muito tempo. É uma escolha, e não uma consequência de uma fraqueza.
 
A intenção não é trazer respostas, mas por para fora reflexões. Não é decifrar, mas...uma pergunta volta a cabeça:
 
O que leva uma pessoa a dar aquele último passo?
 
O que respondemos então?
 

 

quarta-feira, 12 de março de 2014

Talvez

Talvez acorde,
Talvez levante,
Talvez saia e desça a rua,
Talvez suba.

Talvez converse com a sempre elegante atendente do café,
Talvez a falta de coragem me inflija novamente.
Talvez me recupere do medo que talvez um dia tenha tido.
Talvez continue com a sempre aparente falta de habilidade de seguir em frente.

Talvez siga em direção ao nada e,
Talvez no nada encontre uma forma de talvez desencontrá-lo.
Talvez por lá encontre uma paz de espírito que talvez não tenha.
Talvez lá ache aquilo que um dia perdi pelo caminho.

Talvez, e só talvez, um dia deixe o talvez de lado e siga...
Mas só talvez.

domingo, 9 de março de 2014

Afasia


Certo dia, uma criança perguntou o motivo de eu rir com o nariz. Desde então, e isso é comprovado pelas fotos, passei a reparar que realmente minha boca tá sempre fechada. Os sons que emito no riso (risss), ao concordar (aham), discordar (ãã) ou reprovar(ham), proveem todos da minha garganta. 

"Abre a boca pra falar" e "Fala pra fora", já escutei inúmeras vezes. Mas o fato é que eu não sei lidar com essa questão aí, de emitir sons pela boca. Falar nunca foi o meu forte, quer dizer, sempre foi o meu ponto mais fraco. Tanto que na escola fui apelidado de mudinho. Lembro que, na chamada oral de tabuada, o meu pavor era muito maior por ter que falar alto, do que pela matemática em si. 

Dada minha condição de mudez, ressaltada pelos professores, por um período frequentei a fonoaudióloga. Ela falava que meu pensamento era rápido, por isso eu tinha preguiça de o expor com a voz, que estava sempre atrasada. A receita foi eu ter menos preguiça pra falar e, sendo ou não verdade, nunca houveram resultados satisfatórios. Com o tempo passaram a aceitar, talvez o silêncio fosse mesmo a minha sina. 

Não é que eu nunca fale, perguntem minha opinião sobre a Dilma, o Papa ou a Ana Maria Braga que se arrependerão de tanto me ouvir. A questão é que, com tantas partes do corpo pra se expressar, por que escolher justamente as cordas vocais? Admiro muito vozes, por outro lado, mas as dos outros. Sotaques falados e cantados fazem muito bem quando me chegam pelos ouvidos.

Sou fascinado por palavras, sempre fui, mas acho que comigo elas ficam melhores assim, escritas. Parece que elas fazem mais sentido, são mais palavras. Quando eu falo elas deixam de ser palavras, pra se tornarem vento, um vento destrambelhado e sem propósito. O grande problema é que ultimamente tenho dependido, e muito, do uso da voz.

Estou escrevendo isso porque, no momento, preparo uma apresentação: já busco, desde o início, equilibrar a deficiência de voz com o resto. Pior que falar só mesmo falar em outra língua. Tenho extrema facilidade em ler e escutar vozes gringas, mas não venha me pedir pra to speak, parler, hablar ou te spreken. Eu mesmo, até hoje, não sei bem o motivo. Não é timidez e nem é de propósito. É assim porque é assim, simplesmente. Na maior parte do tempo, falar não me apetece.

Mas isso não impede que, volta e meia, surjam calorosos debates familiares sobre a real motivação dessa falta de voz. A mais recorrente é a de que "puxou o avô", que também era simpatizante da mudez (aham). Outra teoria é que minha língua presa não facilita a comunicação, só que Lula ta aí pra provar o contrário (ham). Mas a minha preferida é que, como minha família fala bastante, eu opto por ficar quieto pra evitar a fadiga de disputar a fala (risss).

De fato, de todos os motivos, o que mais estimula a me manter mudo é ter que disputar a vez na fala. Isso vale pra mesas de bar, salas de aula e ceia de natal: se todos querem tanto falar, que falem, fala que eu te escuto. Como já disseram, eu sou "bom em ficar quieto".

sexta-feira, 7 de março de 2014

Peço perdão, mulher

Mulher,

Não parece caber a mim dizer pelo que você deve lutar hoje, ou o que este dia deve representar para você. Antes, minha consciência, ainda deformada, me suplica que eu peça teu perdão. 

Peço perdão pelas piadas sexistas que reproduzi incansavelmente em certos momentos.
Peço perdão também por quando as ouvi e hesitei em argumentar em teu favor.
Peço perdão por quando te reduzi a objeto de prazer, por quando deixei meu egoísmo ofuscar tua dignidade.
Peço perdão pelas vezes que supus que serviço doméstico era papel teu, jamais meu.
Peço perdão por cada ofensa no trânsito, ao atribuir ao teu gênero o que não diz respeito a ele.
Peço perdão por quando, por comodismo ou omissão, fui conivente com tuas jornadas triplas de trabalho, com teus baixos salários, com tua exploração doméstica.
Peço perdão pela indiferença à qual acabo cedendo eventualmente.
Peço perdão porque, a todo tempo, tiro conclusões a teu respeito sem antes escutar como te sentes.
Peço perdão porque, tantas vezes e de tantos modos, fui passivo quanto à opressão que sofres.
Peço perdão pelas vezes que não quis te ouvir, conhecer teus gostos, desejos, vontades.
Peço perdão por quando ignorei teus gritos por liberdade.

E enfim, mulher, peço perdão porque hoje meu remorso é maior que minha alegria.

Por tudo que te fiz, que não fiz e que pressupus erroneamente a teu respeito, eu peço perdão.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Ah, Paulo Freire...




Hoje acordei com a notícia, compartilhada pelo twitter do padre Júlio Lancellotti, de que três jovens incendiaram com querosene um casal de mendigos que dormia na rua, na cidade de Sorocaba.

Lembrei-me, na hora, daquele acontecimento deveras marcante em minha infância: o assassinato cruel do índio Galdino, em 1997, por cinco adolescentes da mesma estirpe. E pensei em quantos jovens de classes abastadas educados na barbárie não teriam realizado práticas semelhantes entre aquele episódio de 16 anos atrás e este mais recente. Pensei sobretudo, em quanto miseráveis - já degradados em sua dignidade por um modelo de sociedade que produz e reproduz sistematicamente a riqueza às custas da miséria - não foram despidos do pouco de humanidade que lhe restava por formas de rejeição e intolerância que se difundem diariamente. Pensei, ainda, em quantos destes não tiveram suas vidas arrancadas, demolidas, desfiguradas, desumanizadas, seja pelo Estado, pelos interesses da especulação imobiliária ou pela pura e simples barbárie cultivada em um mundo que retroalimenta o utilitarismo e a reciprocidade material como padrão das relações sociais.

Então lembrei de uma breve leitura, também marcante, que fiz há alguns anos: é Paulo Freire, em sua carta "Do Assassinato de Galdino Jesus dos Santos", publicada na coletânea Pedagogia da Indignação. Partilho ela com os leitores.

Penso que crer-se humano, em casos como esses, é indignar-se diante da indignidade.


"Cinco adolescentes mataram hoje, barbaramente, um índio pataxó, que dormia tranqüilo, numa estação de ônibus, em Brasília. Disseram à polícia que estavam brincando. Que coisa estranha. Brincando de matar. Tocaram fogo no corpo do índio como quem queima uma inutilidade. Um trapo imprestável. Para sua crueldade e seu gosto da morte, o índio não era um tu  ou um ele. Era aquilo, aquela coisa ali. Uma espécie de sombra inferior no mundo. Inferior e incômoda, incômoda e ofensiva.
 
É possível que, na infância, esses malvados adolescentes tenham brincado, felizes e risonhos, de estrangular pintinhos, de atear fogo no rabo de gatos pachorrentos só para vê-los aos pulos e ouvir seus miados desesperados, e se tenham também divertido esmigalhando botões de rosa nos jardins públicos com a mesma desenvoltura com que rasgavam, com afiados canivetes, os tampos das mesas de sua escola. E isso tudo com a possível complacência quando não com o estímulo irresponsável de seus pais.
 
Que coisa estranha, brincar de matar índio, de matar gente. Fico a pensar aqui, mergulhado no abismo de uma profunda perplexidade, espantado diante da perversidade intolerável desses moços desgentificando-se, no ambiente em que decresceram em lugar de crescer.
 
Penso em suas casas, em sua classe social, em sua vizinhança, em sua escola. Penso, entre outras coisas mais, no testemunho que lhes deram de pensar e de como pensar. A posição do pobre, do mendigo, do negro, da mulher, do camponês, do operário, do índio neste pensar. Penso na mentalidade materialista da posse das coisas, no descaso pela decência, na fixação do prazer, no desrespeito pelas coisas do espírito, consideradas de menor ou de nenhuma valia. Adivinho o reforço deste pensar em muitos momentos da experiência escolar em que o índio continua minimizado. Registro o todo poderosismo de suas liberdades, isentas de qualquer limite, liberdades virando licenciosidade, zombando de tudo e de todos. Imagino a importância do viver fácil na escala de seus valores em que a ética maior, a que rege as relações no cotidiano das pessoas terá inexistido quase por completo. Em seu lugar, a ética do mercado, do lucro. As pessoas valendo pelo que ganham em dinheiro por mês. O acatamento ao outro, o respeito ao mais fraco, a reverência à vida não só humana mas vegetal e animal, o cuidado com as coisas, o gosto da boniteza, a valoração dos sentimentos, tudo isso reduzido a nenhuma ou quase nenhuma importância.
 
Se nada disso, a meu juízo, diminui a responsabilidade desses agentes da crueldade, o fato em si de mais esta trágica transgressão da ética nos adverte de como urge que assumamos o dever de lutar pelos princípios éticos mais fundamentais como do respeito à vida dos seres humanos, à vida dos outros animais, à vida dos pássaros, à vida dos rios e das florestas. Não creio na amorosidade entre mulheres e homens, entre os seres humanos, se não nos tornamos capazes de amar o mundo. A ecologia ganha uma importância fundamental neste fim de século. Ela tem de estar presente em qualquer prática educativa de caráter radical, crítico ou libertador.
 
Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-la sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor.
  
Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.
 
Se a nossa opção é progressista, se estamos a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não temos outro caminho senão viver plenamente a nossa opção. Encarná-la, diminuindo assim a distância entre o que fizemos e o que fazemos.

Desrespeitando os fracos, enganando os incautos, ofendendo a vida, explorando os outros, discriminando o índio, o negro, a mulher não estarei ajudando meus filhos a ser sérios, justos e amorosos da vida e dos outros..."

domingo, 17 de março de 2013

Nunca fui bom em ser homem


Quando se é um homem você é cobrado, constantemente, a afirmar e reafirmar essa posição se quiser continuar sendo julgado como um. Há, me parece, uma lista de deveres masculinos, metafísica e universal, que ratifica se você merece ou não o júbilo e privilégio de ser um deles. 

Nunca fui bom em ser homem. O quesito imprescindível é a falta de sensibilidade, o não chorar é apenas uma das suas formas: é socialmente vetado ao homem expressar qualquer tipo de sentimento bom em público. Só se pode xingar, odiar e bater nas coisas e pessoas. Ser mau, insensível e estúpido. É por isso que os meninos puxam o cabelo ou provocam as meninas que gostam: é o único meio de interação que aprenderam. Elogiar ou fazer carinho é papel delas.

A cobrança começa antes mesmo de você fazer a distinção entre macho e fêmea. Antes de entrar na escola você já tem interiorizadas as primeiras regras da tal lista universal como, por exemplo, não usar nada rosa, gostar de brincar de carrinho e assistir desenhos de ação.

Meus problemas já começaram aí: eu nunca gostei de brincar de carrinho. Acontece que isso nunca foi uma opção, afinal fosse aniversário, natal, páscoa ou dia das crianças eu ganhava carrinhos o que fazia as pessoas que me davam presentes supor que eu gostava muito e eles foram crescendo e tomando conta do meu quarto em progressão geométrica. Eu também odiava desenhos de ação. Achava Dragonball irritante, trocava de canal correndo já na musica de abertura, Power Rangers sem sentido nenhum e Cavaleiros do Zodíaco a coisa mais entediante na face da terra.

Isso não seria um problema se tratasse só de um gosto pessoal, mas tem a tal cobrança que eu já mencionei e ela começa de maneira muito pesada e abrupta lá no jardim de infância. Todos os coleguinhas eram, ou aparentavam ser, fascinados por carrinhos e desenhos de ação. Era esse o tema da mochila, do caderno, da lancheira, da borracha e até das meias deles. Seia, gocu e pauer renger vermelho: esse era o universo masculino infantil no final dos anos 90.  Além disso, a brincadeira principal do intervalo consistia em se bater até alguém chorar. Obviamente eu estava a margem disso tudo.

O tempo foi passado e minha incapacidade de convivência no universo masculino continuava: eu achava tão imbecis que eu nem tinha as fitas do Street Fighter e do Mortal Kombat e queria me enforcar com o fio do controle quando resolviam jogar NBA 97 ou FIFA 98.

Aliás, aí está o grande referencial do mundo masculino: o futebol. Se você estivesse no ensino fundamental e quisesse ser o cara popular da escola você tinha que jogar bola bem. Eu odiava futebol ou qualquer outro tipo de esporte. Enquanto todos corriam felizes pra educação física eu arrastava meu corpo pelo pátio da escola: diferente do intervalo, ali futebol era obrigatório. Louvado seja o professor novo que vendo o meu sofrimento e angústia em quadra me propôs ser o reserva do time (cargo que eu mantive fielmente por anos).

Eis que o colegial vai chegando, com ele os hormônios, e surge na lista o item que passa a ocupar a primeira posição da lista universal e a subjugar todos os itens anteriores para o resto da vida de um homem: a mulher.  É a quantidade delas que você teve algum tipo de relação que passa a ser o medidor da sua eifcácia como um homem.

É nessa fase que os homens param de jogar bola na escola, afinal já bastam as espinhas:  nenhuma menina vai querer chegar perto de um cara suado depois do intervalo. Dada essa condição, os homens resolvem fazer algo até então inédito que é de usar o tempo livre pra conversar com seus colegas.

Depois de quinze anos lidando com bola, carrinho, explosões e ainda com uma bomba de hormônio dentro de si o assunto não poderia ser outro: a rodada do campeonato, o carro novo que saiu e a colega que foi de shortinho. Nem preciso comentar que nenhum desses temas me estimulava a falar, o que me deu a fama de “quieto” como se o meu silêncio fosse timidez e não uma resposta à mediocridade da conversa.

“Ah, tudo bem, isso é só uma fase de quem está se afirmando socialmente”, você pode dizer, mas não é. Essa fase formada por volta dos quinze anos de idade permanece intacta para todo o sempre porque é o ideal do universo masculino. Todo homem sabe que, ao iniciar uma conversa com outro homem, conhecido ou não, de qualquer idade em qualquer lugar, esses serão os temas a serem abordados se quiser fazer a conversa render.

O velhinho na fila do pão certamente vai começar a falar com você sobre o jogo do Santos no último domingo, assim como se você estiver na rua comprando uma água o vendedor vai comentar sobre o ronco do motor do carro que passou ou um colega  sobre os atributos físicos das moças transeuntes. E todos eles têm como certeza absoluta de que você vai reagir a esses comentários e interagir prontamente, afinal é um homem.

Até hoje eu não sei em que ano a seleção foi campeã da copa, não faço ideia do que é um impedimento, sou mais sentimental do que a música dos Los Hermanos, só dirijo por obrigação, consigo contar nos dedos os nomes de carros que conheço e mesmo sendo heterossexual nunca vou conseguir descrever uma mulher como se fosse um pedaço de carne. Sou um fracasso como homem.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Eleições 2012: Cachoeira Paulista/SP - Respostas


Com o objetivo de contribuir para o debate público nas eleições municipais deste ano, o Beco Livre quis fazer valer o seu nome ao ceder este espaço de maneira isenta e imparcial para a exposição dos planos de governo dos candidatos a prefeito da cidade de Cachoeira Paulista/SP. Sobretudo através de dados disponibilizados na internet, foi feito um questionário em que foram levantadas questões julgadas mais relevantes devido a sua discrepância em termos do índice ou ainda se relacionadas a situação empírica encontrada no município. 

Fazemos isso por acreditar que a política participativa é o único caminho para o fortalecimento do regime democrático e, para que isso ocorra, o voto consciente é fundamental não só para a escolha mas também para a futura cobrança de seu cumprimento.

Foi assim que mais precisamente no dia 11 de agosto começamos uma campanha virtual para tentar entrar em contato com os três candidatos, como pode ser visto aqui. Como pode se ver, infelizmente, não foi bem sucedida. Conscientes da possível ineficácia do contato virtual, dado que o acesso ainda não é democrático nesse país, optamos pelo contato físico: no dia 6 de setembro entregamos pessoalmente e em mãos, nas sedes dos comitês eleitorais, uma carta de apresentação e o questionário impresso e nominal aos três candidatos como pode ser visto aqui.

Preocupados com a transparência na publicação dessas respostas estabelecemos a data de 23 de setembro como limite para o envio, dado que a publicação de uma em detrimento de outras poderia resultar em fraude. Infelizmente, mesmo com esses esforços, não foram todos os candidatos que responderam. O resultado você confere a seguir.

Beco Livre: O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) da cidade de Cachoeira Paulista aponta que o Ensino Municipal obteve em 2009, na última avaliação disponibilizada, a nota 4,7 para o 5º ano e a nota 4,0 para o 9º ano. Indo de 0 a 10, essa a avaliação aponta que a nossa Rede de Ensino Municipal não alcança nem o nível satisfatório (em 2011, o total da verba federal repassada para o município destinada à educação básica foi de R$ 634.742,70). Qual é o seu plano de governo, de ordem prática e objetiva, para reverter esse quadro? 

João Bosco Torrada (PMDB)
A educação é base fundamental para o desenvolvimento de um povo. Sempre há o que melhorar nessa área vital, sendo necessário um investimento constante. Em nosso Plano de Governo propomos: 
-Projeto Educação Integral: aumento do número de escolas com período integral para os alunos, implementando no currículo atividades externas, aulas de artes e teatro, além das aulas educativas ambiental, segurança e trânsito. Atividades essas exercidas no contra turno do período escolar.
- Programa de Desenvolvimento do Profissional da Educação: programa que possibilitará ao professor da rede municipal de ensino o incentivo para participação em programas de pós-graduação, contribuindo para a melhoria da qualidade do ensino da educação básica e com a garantia da formação continuada e permanente do professor, e com possibilidades de progressão e promoção na carreira.”
O IDEB tem seu índice pontuado de 0 a 10. O Governo, entretanto, determina metas mínimas a serem atingidas pelas escolas, tenho como proposta e meta exceder em todas as nossas escolas municipais tais índices mínimos. Mais do que a busca de um índice nossa proposta é o aprendizado dos alunos, tornando nosso ensino municipal comparado ao ensino de países desenvolvidos.

João Luiz (PT): Sem resposta.
Domingos Geraldo (PR): Sem resposta.

Beco Livre: Segundo o IBGE, o Índice de Gini de Cachoeira Paulista é de 0.41, o que aponta que a pobreza atinge 23,87% da população da cidade, isto é, mais de 6 mil cachoeirenses. Dentro de seu plano de governo, quais serão as políticas sociais voltadas para essa população carente? 

João Bosco Torrada (PMDB): A população carente necessita não apenas uma política social que vise uma melhor distribuição de renda, necessita de formação profissionalizante e programas de geração de emprego. Enumero abaixo minhas propostas de políticas sociais e de geração de renda enumeradas em nosso Programa de Governo:
“- Bolsa Municipal: Assistência para famílias de baixa renda não atendidas pelos programas assistenciais federais e estaduais.
- Modelando Raízes: promover o artesanato Cachoeirense, elegendo um modelo a partir do qual Cachoeira Paulista passe a ser reconhecida, além de incentivar o aprendizado e gerar cultura da produção, possibilitando a geração de renda.
- Acesso a Universidade: criação de cursos pré vestibulares gratuitos visando alunos da rede pública que queiram preparar-se para ingresso nos cursos universitários.
- Profissionalize-se: aumento do número de cursos profissionalizantes em convênio com SENAI, SESI, SENAC para atendimento da demanda de profissionais, principalmente na área de turismo.”
Pretendo ainda manter as boas iniciativas já realizadas em nosso município, como os cursos do Via Rápida em parceria com o Governo Estadual, os cursos profissionalizantes do CRAS e os de formação profissional de iniciativa da Administração Municipal que pretendo fomentar.

João Luiz (PT): Sem resposta.
Domingos Geraldo (PR): Sem resposta.

Beco Livre: Em 2011, a prefeitura municipal de Cachoeira Paulista recebeu R$ 272.124,60, referentes a royalties de petróleo e gás natural, através do governo federal. No seu plano de governo, qual será a prioridade na aplicação dessa verba na cidade? 

João Bosco Torrada (PMDB):  Essa verba compõe a arrecadação Municipal, que segundo legislação somente não pode ser utilizada para compor a folha de pagamento dos funcionários da Prefeitura, podendo ser empregada em recuperação do meio ambiente, infraestrutura, saúde, educação, programas sociais ou qualquer projeto municipal que seja relevante para o município.

João Luiz (PT): Sem resposta.
Domingos Geraldo (PR): Sem resposta.

Beco LivreTratando-se de um problema crônico nacional, o nepotismo (contratação de familiares das autoridades políticas no serviço público) vem sendo duramente combatido pelo Supremo Tribunal Federal. Ele se manteria pela perpetuação e o acúmulo dos chamados “cargos de confiança” do poder executivo na escolha dos funcionários em detrimento aos concursos públicos (não forjados). Qual será o seu critério na seleção dos funcionários que comporiam seu governo? Quais medidas práticas você tomará para combater o nepotismo?


João Bosco Torrada (PMDB):  Acredito que cargo público como a própria nomenclatura dispõe deve ser preenchido com o profissional mais preparado para exercê-lo, a fim de preservar o bem comum. De acordo com nossa legislação isso se dá por meio de concurso público, elaborado por empresa preparada para tal, com lisura e transparência em todos os procedimentos. Os cargos comissionados que a própria legislação permite sua contratação sem concurso público, deve ter suas indicações pautadas pela mesma lisura de todos os atos administrativos, sendo o único critério a competência profissional para a ocupação de tais cargos, sendo o nepotismo uma prática incompatível com a boa administração pública.

João Luiz (PT): Sem resposta.
Domingos Geraldo (PR): Sem resposta.

Beco Livre: Segundo o Censo 2010, a principal fonte de renda da cidade são os serviços voltados para o turismo religioso, já que, atualmente, a indústria e a agropecuária municipal não contribuem de maneira expressiva para a economia da cidade. Desse modo, em 2011, a prefeitura recebeu do governo federal R$ 17.949,75 destinados ao “Apoio a projetos de infraestrutura turística”. No seu plano de governo, como essa verba será aplicada? Quais são os seus projetos para aprimorar a infraestrutura turística de Cachoeira Paulista?

João Bosco Torrada (PMDB): O turismo religioso, o comércio e serviço agregado devem ser incrementados, tendo em vista o potencial turístico de nossa região. Entretanto não podemos permitir que tais atividades cresçam de forma desordenada, o que geraria transtornos a toda população. Em nosso Plano de Governo propusemos:
“- Desenvolvimento Sustentável do Turismo: Elaborar diretrizes e infraestrutura que assegurem ao município um desenvolvimento sustentável para o turismo, com normatizações e funcionalidades públicas que visem o incentivo e o estímulo do turismo.” A diretrizes elaboradas servirão de base para que sejam pleiteados novos recursos junto aos Governos Estadual e Federal através de projetos específicos. Tratando-se de verbas com destinação previamente determinada, estas serão aplicadas fielmente de acordo com os projetos aprovados.

João Luiz (PT): Sem resposta.
Domingos Geraldo (PR): Sem resposta.

Beco LivreCachoeira Paulista localiza-se no chamado “Vale Histórico” devido às fortes evidências deixadas fisicamente pelo período colonial na região pelo ciclo do café. Após décadas de declínio e descaso, atualmente, pode-se observar nas cidades vizinhas uma preocupação na manutenção e restauração desse patrimônio arquitetônico e cultural. Infelizmente, o que se percebe em Cachoeira Paulista é o movimento oposto: a Estação Ferroviária da cidade, considerada a segunda maior do país, está em ruínas e sem previsão de restauro; o Teatro Municipal, um dos mais antigos do estado, está de portas fechadas há anos sem contar que casarões e estátuas históricas continuam sendo demolidas para dar lugar a estacionamentos e asfalto. Há no seu plano de governo alguma medida para preservação do patrimônio histórico da cidade? Qual a medida prática pretende para a Estação Ferroviária e o Teatro Municipal?

João Bosco Torrada (PMDB): Os monumentos históricos são os cartões de visita de uma cidade, e estes uma vez expostos, devem ser mantidos e conservados como sendo a exposição de nosso cuidado com a cidade, seu povo e principalmente sua cultura e história. Em nosso Plano de Governo me preocupei com cada um dos nossos patrimônios histórico-culturais. Estação Municipal – Somente em 2010 é que a Prefeitura Municipal recebeu a guarda provisória desse Patrimônio, que até então era de uma empresa privada (MRS). Já existe um projeto protocolado no CONDEPHAAT e IPHAN visando sua restauração. Tenho um Projeto de revitalização de seu entorno, o que já tornaria esse Patrimônio um ponto de visitação:
“-Estação Viva: Revitalizar a antiga Estação Ferroviária e seu entorno, transformando em um centro de visitação, eventos e cultura.”
Teatro Municipal – Não há documentação de propriedade, escritura definitiva desse prédio, o que impossibilita qualquer projeto de solicitação de verbas seja do Governo Federal ou Estadual para sua manutenção. Nosso projeto é buscar a regularização de tal documentação e iniciar, mesmo que com verbas exclusivamente municipais reformas que possibilitem sua utilização, até mesmo para promover encontros da ACLA – Academia Cachoeirense de Letras e Artes. Complemento deixando claro minha preocupação com a história e cultura de nossa cidade ao deixar registrado como proposta de Governo: 
“História é Cultura: Revitalização de espaços culturais já existentes, como o Teatro Municipal, Parque Ecológico e a preservação do acervo do Museu Municipal Dr. Costa Junior, inclusive com a criação de acervo tecnológico. Além de incentivo e apoio a ACLA. Com o propósito de proteção ao patrimônio histórico/cultural.”

João Luiz (PT): Sem resposta.
Domingos Geraldo (PR): Sem resposta.

Beco Livre: É notória a falta de opções na vida cultural de Cachoeira Paulista: não há cinema, nosso Teatro não é aberto há anos, nossa Biblioteca e Museu mal recebem o investimento necessário para sua manutenção e a vida noturna depende das poucas iniciativas privadas. Os poucos grandes eventos com investimento público são as Festas de Santos, populares quermesses, que mesmo dada sua devida importância e tradição na cidade contribuem pouco para a valorização da produção cultural local. O que se percebe é que, por falta de opção, cada vez mais os cachoeirenses buscam isso nas cidades vizinhas. Qual o plano de governo para a revitalização e compra de novo acervo para da Biblioteca Municipal? Há previsão de investimento na reestruturação do Museu e no incentivo a atrair exposições itinerantes que vão além do acervo fixo? Há preocupação de incentivar a vinda de apresentações artísticas e musicais para a cidade? Quais serão as medidas práticas de investimento para a devida valorização dos artistas, escritores e músicos locais? Quais serão os investimentos em cultura em longo prazo?

João Bosco Torrada (PMDB): Compreendo sua preocupação, da qual também compartilho, pois nossos jovens tem poucas opções de lazer. Pretendo, além da revitalização da Estação, transformá-la em um espaço de lazer e eventos. Tenho ainda outros projetos para criação de eventos e locais para incentivo da cultura e lazer:
“- Calendário Oficial de Eventos Culturais: Criar e garantir um calendário com a realização de eventos culturais no município.
- Biblioteca Cidadã: ampliar a Biblioteca Municipal e instalar biblioteca pública nos bairros, todas com acervo atualizado e acesso à internet.
- Centro Cultural: Criar o Centro Cultural, para funcionar como um ambiente de estímulo a cultura e a arte, com exposições permanentes e cursos, além de criar um calendário municipal da cultura Cachoeirense. 
- Cultura na Praça: Ampliação do Praça Cultural para apresentação de Conjuntos Musicais, peças teatrais e apresentação de Grupos de Dança na Praça Prado Filho aos domingos e na Praça dos bairros.”

João Luiz (PT): Sem resposta.
Domingos Geraldo (PR): Sem resposta.

Beco LivreNão sendo um problema restrito as grandes cidades, a quantidade de carros vem aumentando consideravelmente em Cachoeira Paulista e, somado ao grande número de ônibus nos fins de semana por causa do turismo, não são raros alguns congestionamentos. Estudos em transporte urbanístico apontam o uso de meios alternativos ao carro como solução a essa problema crescente. Felizmente, um dos meios mais usados na nossa cidade ainda são as bicicletas, porém não há nenhuma política pública direcionada a proteção e o estímulo a esse tipo de transporte. Há no seu plano de governo planejamento da construção de ciclovias ou outro tipo de estímulo a meios alternativos de transporte? Quais são suas metas para o transporte na cidade?

João Bosco Torrada (PMDB):  Pretendo criar uma rota alternativa para os ônibus e veículos dos turistas, o que evitaria alguns congestionamentos. Realmente há que se incentivar o uso de bicicletas e também o cuidado com os ciclistas com a construção de ciclovias. Mas mais do que essas medidas pretendo promover um estudo completo do trânsito de nossa cidade, não somente visando a melhoria do fluxo como também um estudo dos fluxos das ruas com pesquisas junto a população. Pretendo nessa área utilizar minha experiência profissional com os mais de 30 anos na Polícia Rodoviária Federal.

João Luiz (PT): Sem resposta.
Domingos Geraldo (PR): Sem resposta.

Beco LivrePor fim, esse questionário só foi elaborado graças a Lei da Transparência, que entrou recentemente em vigor no intuito de divulgar através da internet a aplicação do dinheiro público. Como governo estadual e federal já colocaram em prática agora as prefeituras municipais é que são chamadas a aderir a essa divulgação pública de suas receitas e despesas. Além de estimular a participação da população na gerência pública, a transparência aparece como forte aliada no combate à corrupção. Há no seu plano de governo algum projeto nesse sentido?

João Bosco Torrada (PMDB):  Concordo plenamente com a disponibilidade das informações sobre os gastos públicos, nosso Plano de Governo já registrado no TSE tem uma diretriz destinada a transparência do dinheiro público municipal e boa gestão do bem público, transcrevo abaixo tal diretriz de nosso Plano de Governo:
“TRANSPARÊNCIA NA GESTÃO PÚBLICA E ADMINISTRATIVA 
Programas
1. Gestão do Dinheiro Público: melhorar o processo de disponibilização na internet de todos os pagamentos efetuados pela Prefeitura, identificando o fornecedor e o valor dos pagamentos.
2. Pregão Eletrônico e/ou presencial: garantir a realização de todos os processos licitatórios possíveis através de pregão eletrônico e/ou presencial.
3. Fortalecimento da Ouvidoria/Corregedoria: fortalecê-la como um instrumento indispensável para garantia da lisura, transparência e ética no trato do interesse público.
4. Garantia de uma Política de Correção Salarial ao Servidor Público, com a elaboração do Plano de Cargos e Salários.
5. Prefeitura conectada: Interdisciplinaridade das Secretarias Municipais agindo em conjunto para que as ações elaboradas por uma Secretaria contem com apoio integral de outra.”

João Luiz (PT): Sem resposta.
Domingos Geraldo (PR): Sem resposta.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Eleições 2012: Cachoeira Paulista/SP - Carta e Questionário

Depois de algumas dificuldades em estabelecer uma comunicação virtual com os candidatos, entre as 15h e 16h30 do dia de hoje foram entregues os questionários impressos, acompanhados de uma carta de apresentação, na sede dos comitês eleitorais municipais de cada uma das três coligações. O andamento da resposta dos candidatos você pode ver no post anterior ou clicando aqui.

Considerando que agora há certeza do recebimento por parte dos três candidatos, tornamos pública logo a seguir a carta e o questionário reproduzidos exatamente como foram entregues (com exceção das imagens).

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Caro candidato,

Primeiramente irei me apresentar: sou cachoeirense, não sou filiado a partido algum e nem milito por nenhum candidato. Atualmente resido fora da cidade por motivos de profissionais, mas faço questão de fazer parte do colégio eleitoral de Cachoeira Paulista por me considerar cidadão dessa cidade.

Há alguns anos, junto com colegas de faculdade, mantenho um blog na internet chamado Beco Livre (http://becolivre.blogspot.com) que discute, dentre outras coisas, política. Pensamos que o período eleitoral é muito importante para reforçar o debate público sobre a nossa cidade, mas consideramos que isso não tem sido suficientemente abordado pela imprensa. Desse modo, através dessa carta, o convidamos e cedemos o nosso espaço para uma exposição mais profunda do seu projeto de governo.

Embasado no Censo de 2010 e nos dados disponíveis no Portal da Transparência, além de inquietações pessoais como cachoeirense, fiz um questionário com nove perguntas que envolvem os assuntos que considerei serem mais relevantes. Em sua elaboração prezei pela impessoalidade e a imparcialidade no tratamento de questões estritamente públicas. Peço que o senhor responda o mais rápido possível através do email becolivre.livre@gmail.com


Respeitando o princípio democrático envio uma cópia idêntica dessas perguntas tanto ao senhor como aos outros dois candidatos: assim que nos enviarem as repostas elas serão publicadas e divulgadas integralmente no blog.

Aguardo a sua resposta e agradeço pela atenção.

ASG


(03/09/2012) - Não havíamos estipulado uma data por considerarmos que o longo tempo existente desde o primeiro contato seria suficiente, mas dado que encontramos certa dificuldade de comunicação com alguns candidatos estipulamos a data de 23/08/2012, isto é, duas semanas antes das eleições como o prazo limite de envio das respostas que serão publicadas integralmente e em conjunto para que não haja a possibilidade de fraude ou favorecimento de nenhum candidato. As respostas dos três candidatos estarão em uma mesma publicação intitulada Eleições 2012: Cachoeira Paulista/SP - Respostas e transcritas de acordo com a ordem de recebimento. 

Questionário

1. O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) da cidade de Cachoeira Paulista aponta que o Ensino Municipal obteve em 2009, na última avaliação disponibilizada, a nota 4,7 para o 5º ano e a nota 4,0 para o 9º ano. Indo de 0 a 10, essa a avaliação aponta que a nossa Rede de Ensino Municipal não alcança nem o nível satisfatório (em 2011, o total da verba federal repassada para o município destinada à educação básica foi de R$ 634.742,70). Qual é o seu plano de governo, de ordem prática e objetiva, para reverter esse quadro?
FONTES: http://ideb.inep.gov.br/ e http://www.portaltransparencia.gov.br


2. Segundo o IBGE, o Índice de Gini de Cachoeira Paulista é de 0.41, o que aponta que a pobreza atinge 23,87% da população da cidade, isto é, mais de 6 mil cachoeirenses. Dentro de seu plano de governo, quais serão as políticas sociais voltadas para essa população carente?
FONTE: http://www.ibge.gov.br

3. Em 2011, a prefeitura municipal de Cachoeira Paulista recebeu R$ 272.124,60, referentes a royalties de petróleo e gás natural, através do governo federal. No seu plano de governo, qual será a prioridade na aplicação dessa verba na cidade?
FONTE: http://www.portaltransparencia.gov.br

4. Tratando-se de um problema crônico nacional, o nepotismo (contratação de familiares das autoridades políticas no serviço público) vem sendo duramente combatido pelo Supremo Tribunal Federal. Ele se manteria pela perpetuação e o acúmulo dos chamados “cargos de confiança” do poder executivo na escolha dos funcionários em detrimento aos concursos públicos (não forjados). Qual será o seu critério na seleção dos funcionários que comporiam seu governo? Quais medidas práticas você tomará para combater o nepotismo?

5. Segundo o Censo 2010, a principal fonte de renda da cidade são os serviços voltados para o turismo religioso, já que, atualmente, a indústria e a agropecuária municipal não contribuem de maneira expressiva para a economia da cidade. Desse modo, em 2011, a prefeitura recebeu do governo federal R$ 17.949,75 destinados ao “Apoio a projetos de infraestrutura turística”. No seu plano de governo, como essa verba será aplicada? Quais são os seus projetos para aprimorar a infraestrutura turística de Cachoeira Paulista?
FONTE: http://www.portaltransparencia.gov.br e http://www.ibge.gov.br

6. Cachoeira Paulista localiza-se no chamado “Vale Histórico” devido às fortes evidências deixadas fisicamente pelo período colonial na região pelo ciclo do café. Após décadas de declínio e descaso, atualmente, pode-se observar nas cidades vizinhas uma preocupação na manutenção e restauração desse patrimônio arquitetônico e cultural. Infelizmente, o que se percebe em Cachoeira Paulista é o movimento oposto: a Estação Ferroviária da cidade, considerada a segunda maior do país, está em ruínas e sem previsão de restauro; o Teatro Municipal, um dos mais antigos do estado, está de portas fechadas há anos sem contar que casarões e estátuas históricas continuam sendo demolidas para dar lugar a estacionamentos e asfalto. Há no seu plano de governo alguma medida para preservação do patrimônio histórico da cidade? Qual a medida prática pretende para a Estação Ferroviária e o Teatro Municipal?


7. É notória a falta de opções na vida cultural de Cachoeira Paulista: não há cinema, nosso Teatro não é aberto há anos, nossa Biblioteca e Museu mal recebem o investimento necessário para sua manutenção e a vida noturna depende das poucas iniciativas privadas. Os poucos grandes eventos com investimento público são as Festas de Santos, populares quermesses, que mesmo dada sua devida importância e tradição na cidade contribuem pouco para a valorização da produção cultural local. O que se percebe é que, por falta de opção, cada vez mais os cachoeirenses buscam isso nas cidades vizinhas. Qual o plano de governo para a revitalização e compra de novo acervo para da Biblioteca Municipal? Há previsão de investimento na reestruturação do Museu e no incentivo a atrair exposições itinerantes que vão além do acervo fixo? Há preocupação de incentivar a vinda de apresentações artísticas e musicais para a cidade? Quais serão as medidas práticas de investimento para a devida valorização dos artistas, escritores e músicos locais? Quais serão os investimentos em cultura em longo prazo?

8. Não sendo um problema restrito as grandes cidades, a quantidade de carros vem aumentando consideravelmente em Cachoeira Paulista e, somado ao grande número de ônibus nos fins de semana por causa do turismo, não são raros alguns congestionamentos. Estudos em transporte urbanístico apontam o uso de meios alternativos ao carro como solução a essa problema crescente. Felizmente, um dos meios mais usados na nossa cidade ainda são as bicicletas, porém não há nenhuma política pública direcionada a proteção e o estímulo a esse tipo de transporte. Há no seu plano de governo planejamento da construção de ciclovias ou outro tipo de estímulo a meios alternativos de transporte? Quais são suas metas para o transporte na cidade?

9. Por fim, esse questionário só foi elaborado graças a Lei da Transparência, que entrou recentemente em vigor no intuito de divulgar através da internet a aplicação do dinheiro público. Como governo estadual e federal já colocaram em prática agora as prefeituras municipais é que são chamadas a aderir a essa divulgação pública de suas receitas e despesas. Além de estimular a participação da população na gerência pública, a transparência aparece como forte aliada no combate à corrupção. Há no seu plano de governo algum projeto nesse sentido?

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Eleições 2012: Cachoeira Paulista/SP - Candidatos

É com muita satisfação que anunciamos a primeira contribuição do Beco Livre para fortalecer o debate público sobre as eleições municipais, com a proposta de promover um debate virtual entre os candidatos a prefeito de Cachoeira Paulista, minha cidade natal e distrito eleitoral.

No intuito de fazer valer o espaço livre que ainda é a internet, e o nome desse blog, entramos em contato com os candidatos para estimular uma exposição quantitativa e qualitativamente maior de seus planos de governo.
Como também somos livres de rabo preso, salientamos que nesse debate prezaremos por total transparência e imparcialidade na divulgação: enviamos mensagens idênticas aos três candidatos e publicaremos suas respostas na íntegra e por ordem de recebimento.

Pedimos encarecidamente que os cachoeirenses que lerem esse post ajudem a divulgar, já que não temos nenhum tipo de patrocínio ou verba para isso. 

Por fim, estimulamos também aos moradores de outros municípios a fazerem o mesmo: busquem informações públicas sobre a sua cidade e questione os candidatos, faça valer o princípio democrático e participativo em seu município nessa eleição.

Update (03/09/2012) - Não havíamos estipulado uma data por considerarmos que o longo tempo existente desde o primeiro contato seria suficiente, mas dado que econtramos certa dificuldade de comunicação com os candidatos estipulamos a data de 23/08/2012, isto é, duas semanas antes das eleições como o prazo limite de envio das respostas que serão publicadas integralmente e em cojunto para que não haja a possibilidade de fraude ou favorecimento de nenhum candidato. As respostas dos três candidatos estarão em uma mesma publicação intitulada Eleições 2012: Cachoeira Paulista/SP - Respostas e transcritas de acordo com a ordem de recebimento. 

 Essas informações serão atualizadas de acordo com o atual status de comunicação 
(por ordem alfabética) 

Domingos (PR) Vice: Dr. Rodrigo
Coligação: Cachoeira de Todos nós  (PR / PSD / PV / PT do B)

1º Contato: 11/08/2012 Mensagem via Email - Aguardando Reposta.
2º Contato: 20/08/2012 Mensagem via Twitter - Aguardando Resposta.
3º Contato: 06/09/2012 Questionário e Carta impressos entregues para Josemar na sede do Comitê Eleitoral - Aguardando Resposta.

João Luiz (PT) Vice: Dadá Diogo
Coligação: Cachoeira Virando a Página! (PP / PDT / PT / PTN / PPS / PRTB / PSB / PRP / PC do B)

1º Contato: 11/08/2012 Adicionado como contato no Facebook - Aguardando Resposta.
2º Contato: 19/08/2012 Mensagem via Facebook Pessoal e Facebook Campanha  - Aguardando Resposta.
3º Contato: 05/09/2012 Mensagem via Canal Youtube - Aguardando Resposta
4º Contato: 06/09/2012 Questionário e Carta impressos entregues para Letícia na sede do Comitê Eleitoral - Aguardando Resposta.

Torrada (PMDB) Vice: Dra. Carmem
Coligação: Ética, Trabalho e Fé (PRB / PTB / PMDB / PSC / DEM / PHS / PMN / PSDB)

1º Contato: 11/08/2012 Adicionado como contato no Facebook - Aceito em 12/09/2012
2º Contato: 19/08/2012 Mensagem via Facebook Pessoal e Facebook Campanha - Respondida em 19/08/2012.
3º Contato: 20/08/2012 Questionário por email - Dúvidas enviadas por email em 28/08/2012
4º Contato: 03/09/2012 Dúvidas respondidas por email.
5º Contato: 06/09/2012 Questionário e Carta impressos entregues para Adão na sede do Comitê Eleitoral - Respondido em 11/09/2012